Sorri
Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios
Sorri
Quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos
Sorri
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz.
Ousada, brilhante e dolorosamente verdadeira, a propaganda da C&A foi uma crônica perfeita do que costuma ser a noite de ano-novo para uma boa parte das pessoas. Somos obrigados a vestir branco. Somos obrigados a comemorar urrando de felicidade quando o relógio bate meia-noite. Somos obrigados a esconder nossa angústia, nossos medos, nosso profundo enfado atrás de um sorriso de araque ou de um copo de bebida – ou de ambos. Mas quem nos obriga a fingir dessa maneira?
Neste ano-novo, que tal deixar as conveniências trancadas no porão? Durma, se você estiver com sono. Chore, se estiver triste. Alugue Piratas do Caribe ou O sétimo selo, se estiver com vontade. Peça desculpas para alguém, se isso for deixar seu coração mais leve. Diga para o seu pai (ou sua mãe) que, para variar, neste ano você quer ser muito elogiada, se o elogio dele for o que te fizer falta. Vá até a mesa do seu colega de trabalho, puxe sua gravata e tasque um beijo de cinema em sua boca, se ele for solteiro e isso lhe convier. Arrume o guarda-roupa, se você estiver no pique. Escreva um longo e-mail para aquele cara que não te quer, colocando suas entranhas para fora, se isso for te aliviar. Faça maçã do amor em casa e se lambuze, se isso te apetecer. Termine seu namoro, se ele já está mais morto do que vivo. Cumpra todos os rituais de boa sorte, se isso te acalma.
Eu desejo a você, portanto, não um ano-novo obrigatoriamente feliz, mas, para começar bem, um ano-novo verdadeiro.
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